sábado, 4 de fevereiro de 2012

O bêbado e a glória humana

Rubinho Pirola
Publicado em  http://www.genizahvirtual.com/ 


"Aquele, porém, que se gloria, glorie-se no SENHOR." 2Co 10:17

Viajando pelo Reino Unido esta semana, fiquei assustado com as igrejas brasileiras da área de Londres.


Eu já havia dito aqui sobre essa tendência de se batizar a comunidade da fé, o que era pra ser um grupo de amigos, transformados por Deus, pela consciência do evangelho da graça - que deveria ser de graça - com os nomes dos seus dirigentes. É "Ministério Fulano de Tal", "Ministério do Apóstolo Sicrano"... e por ai vai, num horrível desfile de vaidade.


Essa coisa vai mesmo na direção do ego de gente que acha que tudo o que Deus faz por eles e através deles, tem menos que ver com a bondade de Deus do que com a sua capacidade, da sua performance e ação. O povo elogia, enaltece, baba-lhes e... eles acreditam. E aceitam os louros de outrem.


E toma-se lá a glória que era para o Senhor, para a Sua Palavra, a Sua graça e misericórdia...


Ontem, a despeito disso, me lembrava do Lazinho, um ex-aluno, feito amigo e sócio anos atrás na minha cidade... Naquela época, mesmo a compartilhar-lhe a Palavra de Deus em todo o tempo do nossa relacionamento, continuava ele a resistir a tomar uma atitude e continuava a viver a sua vidinha-besta: muito auto-engano, álcool, drogas à mistura e rock-and-roll.


Numa noite, numa mesa de botequim (tasca), assentado e tomando "umas-e-outras" com um conhecido "comerciante-por-conta-própria-do-ramo-de-drogas-ilícitas", entre um copo e outro, falava-lhe ao amigo sobre as verdades do evangelho - aquelas todas que ele ouvia mas não engolia. Não por completo.


Em pouco tempo, caiu ele, "anestesiado", bêbado sobre a mesa. O tal traficante, (Barbosinha como é conhecido), admirado com o que ouvira do "pau-d'água-pregador", toma uma decisão. Em questão de semanas, estava ele transformado, batizado e, de agente do tráfico a pregador, virara evangelista na minha comunidade. O amigo, sócio e ex-aluno, viria a deixar-se converter uns meses mais tarde e, também na mesma comunidade, vem a se tornar um pastor (e anos depois, missionário cá em Portugal comigo).


O moral da história? Simples: toda a glória de tudo de bom que fazemos, pertence a Deus. E a ninguém mais. Nada que é essencialmente bom vem de outro a não ser do Pai das luzes. Se crêsse eu na glória de alguém que toma emprestado um serviço (ministério) que afinal, não lhe pertence e, com ele faz algo de produtivo, estaria enganado por completo, doido ou embriagado. O mérito não será nunca dele próprio, como não foi, naquela noite de salvação de um agente da destruição e do vício, um... bêbado. A Palavra de Deus é que constrangeu, que causou impacto, que fez toda a diferença, independente da boca ou seja lá de onde ela saiu.


É como diziam os reformadores que deram a vida (literalmente) na obra de Deus: Soli Deo Gloria. A glória pertence somente a Deus! Que assim seja.

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