sábado, 31 de março de 2012

DOMINGO DE RAMOS


… cortavam ramos das árvores, espalhando-os pela estrada.
E as multidões clamavam: Hosana aoFilho de Davi!
Bendito o que vem em nome do Senhor! Hosana nas maiores alturas. (Mc 11.8-10)
No texto acima, pelo caminho, o povo exclamava:
Hosana! Que quer dizer, Salva-nos Agora!, ou ainda, Ajuda-nos! Socorre-nos! Este era o clamor do povo que veio ao encontro de Jesus, cercando-o por trás e por diante, às portas de Jerusalém. Para o evangelista São João o motivo principal desta aclamação é que a notícia da ressurreição de Lázaro teria chegado a Jerusalém antes de Jesus. Por isso, o povo, cansado de uma vida onde a morte ronda ao derredor, clamava a Jesus: Salva-nos já!
Há semelhanças com a entrada de Judas Macabeus na cidade de Jerusalém, nos tempo da retomada do poder das mãos do domínio das dinastias gregas. Ele também entrou pela cidade, montado num cavalo de batalha, o povo cortando os ramos para cobrir-lhe o caminho e cantando Hosana! Bendito o que vem em nome do Senhor! Sendo que, em seguida, reabriu o templo e purificou-o dos sacrifícios de animais imundos ali feitos pelos gregos.
Talvez o povo tivesse na mente esta imagem. Seria o momento de expulsar os romanos e purificar a vida devocional do povo. Por isso, aprontaram a procissão de coroamento de Jesus, refazendo o mesmo trajeto dos Macabeus, a Festa dos Tabernáculos. O povo queria que, como descendente do Rei Davi (filho de Davi), o Senhor Jesus retomasse o poder. Ele deveria expulsar os dominadores que transformaram a vida em cheiro de morte.
Jesus, porém, que nunca aceitou dominar ninguém, entra por Jerusalém, aceita a aclamação, só que não entra montado num cavalo de guerra, mas num animal de carga. Se era a intenção de Jesus entrar para dominar, isso não se daria pela força do braço de guerra, mas pelo serviço, pela humildade. Reina o Senhor pela humildade (o que para este mundo é um contra censo).
A Igreja deve manifestar sua presença neste mundo pela mesma atitude humilde do Seu único Senhor! Não pode ela desprezar os sentimentos do povo, mas aceita-los, ainda que não tão corretos, para dar-lhe um verdadeiro sentido cristão. Para isso deve a Igreja, em humildade e serviço, apresentar um outro modo de se arrumar a casa, não pela força, mas pelo trabalho, pela humildade, pelo amor.
Ven.Rev. Carlos Alberto Chaves Fernandes+, ofa

CEIA DO SENHOR - ELE VIVE EM NÓS

‎"Em pecado me concebeu minha mãe..."

Quem merece sentar-se à mesa com Jesus?

Marcelo Quintela nos leva a rever o nosso conceito sobre a Ceia do Senhor e então nos convida a sentar-se à mesa, celebrando o Cristo que vive em nós!


sexta-feira, 30 de março de 2012

CRISTO: O INCOMPARÁVEL




Aquele que vem do alto está acima de todos: Cristo o Incomparável!
Quem é esse Cristo de que falo?
Os personagens de destaque na história perdem sua importância diante Dele, Cristo O Incomparável!
Ele é a Coroa do universo. O Cumprimento das profecias. O Salvador do mundo.
Cristo sobrepuja a todos. Ele é a Vox Humana em toda a música e a Estética em toda a escultura.
Ele é a mistura mais aprimorada de luz e sombra em toda pintura.
Ele é o Ápice da realização em qualquer empreendimento.
Para o artista Ele é o Supra-sumo da beleza. Para o arquiteto, a Pedra Fundamental.
Para o astrônomo Ele é a Estrela da Manhã. Para o padeiro, o Pão da Vida.
Para o biólogo Ele é a Vida. Para o construtor, o Alicerce Seguro.
Para o carpinteiro Ele é a Porta. Para o médico, o Médico dos médicos.
Para o educador Ele é o Grande Mestre. Para o engenheiro o Caminho Novo e Vivo.
Para o geólogo Ele é a Rocha Eterna. Para o escritor a Palavra Viva.
Para o fazendeiro Ele é o Semeador, o Senhor da Colheita. Para o floricultor, a Rosa de Saron, o Lírio do Vale.
Para o paisagista Ele é a Videira Verdadeira. Para o juiz, o Justo Juiz de toda a Humanidade.
Para o jornalista Ele é Boas Novas de grande alegria. Para o filósofo, Sabedoria Divina.
Para o pregador Ele é a Palavra de Deus. Para o estadista, o Desejo de todas as nações.
Para o trabalhador Ele é o Provedor de Descanso. Para o pecador o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo.
Para o cristão Ele é o Filho do Deus Vivo, o Salvador, o Redentor e Senhor.
Para o discípulo Ele é o Comandante Geral, que nos dá suas ordens com clareza, incondicional e inconfudndível.
Ele é Cristo O Incomparável!



quarta-feira, 28 de março de 2012

YOUSEF NADARKHANI ESCREVE CARTA A CRISTÃOS EM TODO O MUNDO



"Graça e paz da parte de Deus nosso Pai e do Senhor Jesus Cristo”.
Portanto, tambem nós, uma vez que estamos rodeados por tão grande nuvem de testemunhas, livremo-nos de tudo o que nos atrapalha e do pecado que nos envolve, e corramos com perseverança a corrida que nos foi proposta, tendo os olhos fitos em Jesus, autor e consumador da nossa fé. Ele pela alegria que lhe fora proposta, suportou a cruz, desprezando a vergonha, e assentou-se à direita do trono de Deus. Hebreus 12:1-2.
Quando alguém compreende a revelação da verdade, essa pessoa estará disposto a compartilhá-la com outras pessoas e com as gerações futuras. Somos gratos às pessoas que, no passado, lutaram pela Verdade, que nos permitem ter acesso a esta gloriosa revelação de Jesus Cristo. Esses crentes entenderam a riqueza e a beleza da revelação, e estavam prontos para lutar a fim de passar adiante o fruto da revelação.
Como podemos dar frutos semelhantes para a vida eterna? Depende esolhas que fizermos. Primeiro temos que fechar os ouvidos para a voz das trevas, como está escrito no salmo primeiro: Bem-aventurado o homem que não anda segundo o conselho dos ímpios, nem se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores. Salmo 1:1.
A segunda coisa é abrir os nossos ouvidos à voz do Espírito falando através da Palavra de Deus, como está escrito: Mas o seu prazer está na lei do SENHOR, e na sua lei medita de dia e de noite. Salmo 1:2.
O fruto da A comunhão com o Senhor através da Sua Palavra Vivificante é o que garante a estabilidade nesta vida e impacta a vida de outros gerando frutos eternos, como dizem as Escrituras: E ele será como a árvore plantada junto a ribeiros de águas, que dá o seu fruto no seu tempo; as suas folhas não cairão, e tudo quanto fizer prosperará. Salmo 01:03.
"Um passo de fé"
Muitas pessoas admiram Jesus como um modelo único a ser seguido por gerações, muitos gostariam de imitá-lo. Jesus não veio para ser apenas admirado, mas nos trouxe um modelo perfeito a ser seguido. Se queremos ser como Ele, precisamos dar um passo de fé, como Pedro. Quando Pedro viu o seu Senhor andando sobre o mar furioso, ele pediu para ir ao encontro de Jesus sobre as águas. Então Jesus disse: "Vem!".
Todos quanto escolheram seguir o Senhor, de alguma forma ouviram antes uma ordem D’ele, dizendo: "Vem!" Uma ordem que implica um passo de fé. Como é evidente nas Escrituras, aquilo que somos capazes de ver não é fé. A fé é bíblicamente definida como: "Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não vêem."
Temos que dar um passo de fé "apesar das dificuldades" ", a fim de experimentar o poder de Deus. Mas precisamos lembrar que tudo deve ser feito de acordo com a Palavra de Deus. Pedro não experimentou a possibilidade de andar sobre as águas porque ele simplesmente decidiu abandonar o barco, mas por causa da Palavra, da Ordem do Senhor. A Palavra de Deus nos diz que "deveremos passar por dificuldades" e desonra por causa do Seu Nome. A nossa fé não será genuina se ignorarmos estas palavras, se não manifestarmos a paciência do Senhor em nossos sofrimentos. Qualquer um que ignora-las será envergonhado naquele dia.
É bom lembrar que muitas vezes o passo de fé nos coloca diante de algumas dificuldades. Assim como a Palavra levou os filhos de Israel a sair do Egito e os colocou diante de um obstaculo chamado Mar Vermelho. Essas  dificuldade se colocam entre as promessas de Deus e cumprimento delas e servem para desafiar e fortalecer a nossa fé. Os crentes devem aceitar esses desafios como uma parte de sua caminhada espiritual. O Filho foi desafiado no Calvário, no caminho mais difícil, como está escrito nas Escrituras: "Durante os dias de vuda na terra, Jesus ofereceu orações e súplicas, em voz e com lágrimas, àquele que o podia salvar da morte, sendo ouvido por causa da sua reverente submissão; Embora sendo Filho, ele aprendeu a obedecer por meio daquilo que sofreu ". Hebreus 5:7-8.
O clamor "Eli, Eli, lamá sabactâni?" É suficiente para expressar os sofrimentos de nosso Senhor no Calvário. Por trás desse pedido de socorro, podemos identificar a grande fé que o levou a aceitar a vontade do Pai. Sim, Ele sabia que Deus não permitiria que "seu Santo sofresse decomposição”, e que, em três dias, ele ressuscitaria  dentre os mortos. Além do poder da morte, o Senhor enxergou o poder da ressurreição vitoriosa.
Eu não preciso escrever mais nada sobre a base da fé. Lembremo-nos que indenpendente de momentos bons ou ruins, apenas três coisas permanecem: a Fé, a Esperança e o Amor. É importante para os cristãos se certificarem que tipo de fé, esperança e amor permanecerão. Somente o que recebemos de acordo com a Palavra permanecerá para sempre. Eu quero encoraja-lo a viver de forma digna do chamado da Santa Palavra. Permitam irmãos, vocês que são herdeiros da glória de Cristo, serem exemplos para outros, a fim de ser um testemunho do poder de Cristo para o mundo.
Peço-lhes que vivam segundo a Palavra de Deus, a fim de rejeitar as ações das trevas que geram dúvidas em seus corações. A verdadeira vitória que elimina as dúvidas, vem pelo ouvir a Palavra de Deus com fé.
Somente uma igreja baseada nos ensinamentos de nosso Senhor Jesus Cristo subexistirá, longe do auxilio e da proteção da Palavra de Deus o devorador o destrurá.
“Vamos dar um Testemunho Santo. "
Seu irmão em Cristo,
Youcef Nadarkhani

EXPERIÊNCIA


Num processo de seleção da Volkswagen, os candidatos deveriam responder a seguinte pergunta: “Você tem experiência?” A redação abaixo foi desenvolvida por um dos candidatos. Ele foi aprovado e seu texto está fazendo sucesso, e ele com certeza será sempre lembrado por sua criatividade, sua poesia, e acima de tudo por sua alma.


REDAÇÃO VENCEDORA:
Já fiz cosquinha na minha irmã só pra ela parar de chorar. Já me queimei brincando com vela. Eu já fiz bola de chiclete e melequei todo o rosto. Já conversei com o espelho, e até já brinquei de ser bruxo. Já quis ser astronauta, violonista, mágico, caçador e trapezista. Já me escondi atrás da cortina e esqueci os pés pra fora. Já passei trote por telefone. Já tomei banho de chuva e acabei me viciando. Já roubei beijo. Já confundi sentimentos. Peguei atalho errado e continuo andando pelo desconhecido. Já raspei o fundo da panela de arroz carreteiro. Já me cortei fazendo a barba apressado. Já chorei ouvindo música no ônibus. Já tentei esquecer algumas pessoas, mas descobri que essas são as mais difíceis de se esquecer. Já subi escondido no telhado pra tentar pegar estrela. Já subi em árvore pra roubar fruta. Já caí da escada de bunda. Já fiz juras eternas. Já escrevi no muro da escola. Já chorei sentado no chão do banheiro. Já fugi de casa pra sempre, e voltei no outro instante. Já corri pra não deixar alguém chorando. Já fiquei sozinho no meio de mil pessoas sentindo falta de uma só. Já vi pôr-do-sol cor-de-rosa e alaranjado. Já me joguei na piscina sem vontade de voltar. Já bebi uísque até sentir dormentes os meus lábios. Já olhei a cidade de cima e mesmo assim não encontrei meu lugar. Já senti medo do escuro.Já tremi de nervoso. Já quase morri de amor, mas renasci novamente pra ver o sorriso de alguém especial. Já acordei no meio da n oite e fiquei com medo de levantar. Já apostei em correr descalço na rua. Já gritei de felicidade. Já roubei rosas num enorme jardim. Já me apaixonei e achei que era para sempre, mas sempre era um “para sempre” pela metade. Já deitei na grama de madrugada e vi a Lua virar Sol. Já chorei por ver amigos partindo, mas descobri que logo chegam novos, e a vida é mesmo um ir e vir sem razão. Foram tantas coisas feitas, momentos fotografados pelas lentes da emoção, guardados num baú, chamado coração. E agora um formulário me interroga, me encosta na parede e grita: “Qual sua experiência?”. Essa pergunta ecoa no meu cérebro: experiência… experiência… Será que ser “plantador de sorrisos” é uma boa experiência? Não! Talvez eles não saibam ainda colher sonhos! Agora gostaria de indagar uma pequena coisa para quem formulou esta pergunta: Experiência? Quem a tem, se a todo momento, tudo se renova…?

quarta-feira, 21 de março de 2012

SE PAULO VIESSE NOS FAZER UMA VISITA



O maior problema de Paulo quanto a exercer seu ministério entre os gentios—ou seja: gente como nós—foram os judeus que quase creram na Graça de Jesus!

A maioria de nós sabe disso. Basta ler o livro de Atos ou as epístolas de Paulo e não haverá duvida quanto a afirmação que acabei de fazer. O problema é que os judeus já não são mais o problema da evangelização, mas os cristãos.

A questão é que na maioria das vezes, onde se lê, negativamente, “judeu” ou “fariseu”, dever-se-ia ler “legalista”, “moralista”, “auto-suficiente”, ou mesmo, um praticante de qualquer Teologia Moral de Causa e Efeito e seus pretensos elementos de auto-justificação, fundados na presunção humana de agradar a Deus por seus próprios méritos!

Ora, isto posto, o texto em questão tem naqueles que Paulo chama de “todos nós com o rosto desvendado” um grupo que na história do Cristianismo é uma minoria insignificante! [1]

A maior parte de nós é membro da “igreja em Corinto” e somos traidores do apostolo Paulo, pois nos entregamos aos “falsos apóstolos” e a seu “evangelho adulterado”, mesmo que embrulhado com papel de presente estampados com símbolos “cristãos”.

Quem, honestamente, pode dizer que a História do Véu não é também a História do Cristianismo?

Quem, sinceramente, não percebe que nós somos hoje, na maior parte dos casos, a repetição dos mesmos conteúdos humanos e espirituais contra os quais Jesus, os profetas, Paulo, os apóstolos e a Palavra se insurgem nas Escrituras?

Ninguém se engane!

Nós, cristãos, somos também parte do Povo do Véu! E nossos sentidos estão igualmente embotados para a percepção do Evangelho!

Como eu já disse antes, a aceitação do Jesus Histórico nada tem a ver com o acolhimento dos conteúdos de Sua Palavra!

Ou seja:

É possível conhecer a Jesus segundo a carne e não segundo o Espírito![2]

É a pressuposição da vigência da Lei o que nos impede de discernir o espírito da Palavra e a palavra do Espírito, com liberdade para mostrar a cara, crendo que somente pela expressão des-amedrontada do ser que confiou na Graça, é que vem a conversão incessante, de gloria em gloria, tendo a Jesus como a referência-infusa-cotidiano-existêncial, para a mudança.[3]

Hoje as pessoas se convertem à “igreja”, não à Cristo!

É por esta razão que os conteúdos do Evangelho da Graça estão tão adulterados entre nós. E pior: não enxergamos nada disso, pois, à semelhança deles—os judeus, os fariseus, os cristãos judaizantes—, nossos sentidos também estão “embotados”.

A Graça é hoje a mais escandalosa de todas as mensagens cristãs![4]

É por esta razão que não se pode nem mesmo usar mais as “nomenclaturas” do Cristianismo a fim de definir o conteúdo das palavras do Evangelho, pois, quase todos os termos se revestiram de outras conotações e de outros conteúdos.

A terminologia já não serve mais, pois, seus conteúdos foram adulterados por um “outro evangelho”, que usa os termos de sempre, mas nega, na prática, seus conteúdos inegociáveis e eternos![5]

Por exemplo, para Paulo, “lutar juntos pela fé evangélica”[6] significava não fazer concessões que adulterassem os conteúdos do Evangelho da Graça de Deus!

Hoje, todavia, isto significa nos unirmos contra os que não nos aceitam como os “representantes” de Cristo na Terra!

Ora, neste sentido—com as conotações que a palavra “evangélico” carrega entre nós—, Paulo já não a usaria, pois, nossa prática relacional nega aquilo que ele entendia como evangelho; e nossos conteúdos, falsificam ainda mais o significado original da mensagem à qual ele fazia referência.

Pior do que isto, entretanto, é saber que Paulo, por exemplo, não nos reconheceria como cristãos, mas como pagãos não convertidos ao Evangelho da Graça de Deus![7]

Por muito menos ele escreveu aos Galatas e aos Coríntios temendo haver corrido em vão!

Mas e se ele estivesse presente num ano eleitoral no Brasil? se visse e soubesse de todas as negociações de almas-votos que são feitas em Nome de Jesus? se visse “cristãos” curvados aos ídolos visíveis e invisíveis, cultuando imagens—que vão das de barro e gesso à imagem como reputação ou, marketeiramente, apenas como “imagem”? e se assistisse pela televisão a venda de todos os significados cristãos na forma de crença em objetos de energia espiritual pagã? e se visitasse uma “igreja” e assistisse filas de pessoas para andarem sobre sal grosso, ou para mergulharem em águas tonificadas do Jordão e a passarem pela Cruz de Jesus—que nesse caso é iluminada com neon e não passa de um tapume religioso extremamente brega—a fim de ganharem um carro zero, como pagamento pela sua crença? e se ele soubesse agora que a fé é um sacrifício que se expressa como dízimos, como troca de bênçãos por dinheiro, de cura pelo sacrifício de longas novenas e correntes, que só não são “quebradas” se a pessoa não deixar de largar sempre algum dinheiro no altar-bolso dos pastores?

O que enojaria a Paulo, todavia, seria ver pastores oferecendo o “sangue do Cordeiro” ––e que no caso é um suco de uva—e, segundo o anuncio, a pessoa deve ir ao templo e levar para casa o “sangue do Cordeiro” a fim de ungir a casa de trás para frente e da frente para trás. Desse modo estão voltando para muito menos que as materialidades da imolação do sangue de um cordeiro—ordenada por Deus no Êxodo[8]— indo para um poderoso suco de uva. E o suco de uva, que é menos que o sangue de um cordeiro na simbolização do Êxodo—período usado pela seita para amparar biblicamente a sua campanha de dinheiro—, é apresentado como “o Sangue do Cordeiro”, que não é mais o que Jesus fez na Cruz e é apropriado somente pela fé na Palavra,[9] mas passou a ser um fetiche, uma pedra de toque, uma imantação animista da uva, uma regressão ao paganismo mais primitivo, uma mágica de bruxos, uma blasfêmia, um estelionato satânico de uma verdade com a qual não se brinca impunemente: “Quem comer a minha carne e beber o meu sangue, tem a vida eterna...As palavras que vos tenho dito são espírito e são vida”—conforme o Cordeiro.[10]

Desse modo, Paulo veria aturdido o regresso da fé evangélica aos tempos dos cultos feitos à Baal, para as imagens de escultura, para um tempo onde nem sombra ainda havia das sombras das coisas que haviam de vir.—coisas essas, que até mesmo perderam a simbolização em razão de Jesus haver sido o cumprimento de todas elas! A epistola aos Hebreus foi escrita por muitíssimo menos![11]

Fazer o que estão fazendo da santidade do sangue do Cordeiro, tornando-o num amuleto de infusão animista e de interesse cambista, e que se materializa num suco de uva que carrega em si o poder de benzer uma casa e protege-la de todo mal, é insuportável, enojante, blasfemo e é Anátema!

Paulo vomitaria! [12]

E Jesus?[13]

O escritor de Hebreus diria que estão brincando com fogo ardente e consumidor e crucificando o Filho de Deus não apenas uma segunda vez, mas todos os dias—fazendo Dele um produto de barganha, mágica e fetichismo, e que leva as pessoas não à Jesus, mas sim à “sessão”, pois, também segundo os mesmos “pastores”, Deus só fala no lugar onde eles, os pastores, estão com a sacola na mão!

E eles precisam que Deus se confine em seus templos, se imante nos seus sucos de uva—e outros produtos mágicos—e se deixe comprar pelo dinheiro depositado como sacrifício aos pés desses lobos que oferecem a Jesus como “poder” que se leva para casa em “pacote”; Cristo como “produto simbólico” que pode ser o Pai das luzes, não conforme Tiago[14], mas conforme Alam Kardec[15]; o Sangue do Cordeiro como suco de uva bom para “proteger a casa”; sim! assim fazendo do que foi feito por Jesus, de Graça, de uma vez e para sempre, algo a ser vendido pelos camelôs do engano e do estelionato!

Meu Deus, e se... Paulo visse...!?

Sim, e se Paulo nos visitasse? que epístola nos escreveria? Será que a escreveria? Será que não nos trataria como o fez com as “sinagogas” durante a sua vida?[16]

Ou seja: sendo acolhido e sendo-lhe dada a palavra, ficava até ser expulso, para depois disso abrir uma nova porta à Palavra, mesmo que fosse na casa vizinha, como foi no caso de Corinto!?

Ora, ser evangélico, antes–digo: para Paulo—significava ter compromisso de fé e vida com o Evangelho de Jesus. Hoje, ser “evangélico” é pertencer a uma “igreja”, uma instituição religiosa que roubou o direito autoral do termo, falsificou-o e se utiliza dele praticando um terrível “estelionato” simbólico.[17]

Assim, ser evangélico já não tem nada a ver com ser Povo das Boas Novas de Jesus, mas ser membro de uma instituição religiosa que se utiliza das terminologias, enquanto, na maior parte das vezes, nega os conteúdos originais da expressão.

E se continuarmos assim, dentro de pouco tempo, quem for genuinamente evangélico—ou seja: alguém que crê conforme a Boa Nova da Graça em Cristo revelada nos evangelhos—, terá que deixar de se auto-definir desse modo sob pena de que as pessoas pensem que o Evangelho tem alguma coisa a ver com os “evangélicos”.

Nos dias de hoje, quase sempre, ser “um evangélico” já não tem nada a ver com ser evangélico conforme o apostolo Paulo.

Hoje, quando um evangélico “evangeliza”, em geral, ele o faz a fim de que a “igreja” cresça como poder histórico visível. Ou seja: “evangelização” significa crescimento numérico sob o pretexto de que se quer salvar as almas do inferno. Pelo menos é isto que se diz e é isto que as “ovelhas” pensam, pura e ingenuamente.

De fato, se se conversar ou se se tiver alguma intimidade com o meio pastoral, ver-se-á que na maioria das vezes corre-se não atrás da vida humana, mas dos recursos humanos que com as multidões também chegam para dentro do negócio religioso.[18]

Portanto, não é de admirar que o marketing seja hoje um dos mais importantes instrumentos usados pela “igreja”. Apenas uma “igreja” precisa de marketing. Isto porque quem de fato é, não tem que se preocupar em parecer ser.

O marketing religioso é o lugar onde nossos ídolos são fabricados e polidos, de tal modo que sua “imagem” possa continuar a inspirar os devotos ou a enganar os que se impressionam com aparências.[19]

O marketing como pro-moção pessoal, é moral, pois, é imagem de escultura, sendo, também, idolatria!

Explosão numérica, na História da Igreja, quase sempre correspondeu a diluição tanto da Palavra, como do caráter do discipulado, bem como implicou em des-significação da alma humana, afinal, uma multidão pode se beneficiar da Palavra, quando há Palavra, mas não pode experimentar reconstruções de individuação, pois, nas massas, ninguém cresce como indivíduo na comunhão fraterna, na afirmação individual e nos carinhos de quem conhece e se importa, pois, tais realidades, inexistem em todo processo de massificação.

Além disso, milhares de “acomodações” precisam ser feitas em relação ao conteúdo essencial do evangelho quando se utiliza do marketing religioso ou das associações políticas, culturais e econômicas que daí advêm— ou seja: da rendição ao significado-des-significado do capital das massas, que são reduzidas apenas ao testemunho de poder majoritário que elas trazem aos lideres, enquanto as almas dos indivíduos viram apenas números.

Quando Paulo evangelizava isto significava levar às pessoas a consciência da Graça salvadora de Jesus e da possibilidade da experiência da liberdade-salvadora, tanto na perspectiva individual, como também na comunitária. O resultado, portanto, não é o surgimento de um número a mais para as estatísticas celestiais, mas uma nova criatura, que já começa a se humanizar na Terra, nos vínculos e nas mutações dinâmicas e permanentes que o Espírito da Graça, em Cristo, faz nascer no Novo Homem!

Desse modo, como já disse antes, se Paulo estivesse vivo hoje, provavelmente, ele nos diria que nós ainda não somos convertidos, pois, voltamos atrás, e aderimos aos conteúdos que negam a Cruz de Cristo![20]

Isto nos coloca, no mínimo, diante de três reflexões. A primeira é que a atual “consciência cristã”, é, na maior parte das vezes, anti-cristã, e uma clara e escrachada negação dos conteúdos do Evangelho de Jesus!

A segunda, é a impossibilidade hermenêutica [21] de que a Leitura da Escritura feita com “véu na face” possa nos conduzir à revelação da Palavra da Graça!

Portanto, não importa o “método” ou a “escola hermenêutica” em questão. Na Graça até o pior de todos os “métodos” trás mais revelação da Palavra que o melhor método hermenêutico usado com as viseiras da Lei, da Moral, dos Legalismos, dos Carismatismos narcisistas (que faz do totem carismático a forma referencial de ser para os demais), e seus derivados!

Todos são apenas o sub-produto da formula conceitual da Teologia Moral de Causa e Efeito!

Infelizmente, nós é que nos tornamos os judaizantes de hoje e é de nosso meio que procede a grande resistência à Graça de Jesus!

Se nós, cristãos, não nos convertermos ao Evangelho de Jesus, melhor será que assumamos de vez que nos tornamos, do ponto de vista de Paulo, inimigos da Cruz de Cristo!

Que Deus nos dê Luz!


Caio Fábio

________________________________________________________________________

[1] Aliás, em toda história bíblica, onde a esperança sempre se esconde no “renovo”, no “remanescente” ou “pequeninos”. 

[2] II Co 5: 16

[3] II Co 3: 18

[4] Isto porque estamos seguindo no caminho de Caim, que invejou seu irmão porque não via a vida com os olhos da Graça (I Jo 3: 11-13).

[5] Tito 1: 10-16—onde se diz que os da “circun-cisão” eram os que, por ganância, tentavam conquistar os conquistados pelo Evangelho da Graça, usando como expediente de dissimulação os mandamentos de homens e as fabulas judaicas. Entretanto, Paulo diz que isto corrompe a consciência, na medida em que ninguém sobrevive, sadiamente, à tais mandamentos de homens. Eles, esse mandamentos de homens, cor-rompem a mente, os sentidos e a consciência. Assim, os que os ensinam, com a boca professam o Nome de Jesus, mas suas obras o negam. E o negam na medida em que mesmo confessando-o ainda assim insistem na manutenção daquilo pelo quê e contra o quê Jesus morreu! As obras só se são justificadas pela fé na Graça de nosso Senhor Jesus Cristo. Do contrário, toda obra é pecado, pois, tudo o que não provêm de fé, é pecado!

[6] Fp 1:27

[7] E aqui menciono apenas a Paulo em razão da obvia e infantil alegação daqueles dispensacionalistas que crêem que tudo o que aconteceu como comportamento antes de Cristo não pode mais servir de exemplo para nós, exceto nos casos previamente selecionados por nós. Paulo, no entanto, não é Sansão, pelo contrário, ele é um de nós, nosso apostolo, o Apostolo dos Pagãos; ou seja: dos gentios. Entretanto, vale lembrar que se nos utilizássemos do critério do antes e depois de Cristo, Abraão, o pai da fé, ficaria de fora também! Paulo e o escritor de Hebreus não pensavam assim, pois se utilizam deles a fim de referendarem a fé, no Hoje!

[8] Ex 12: 1-36

[9] I Pd 1: 17-21

[10] Jo 6: 51-63

[11] Heb 9: 1-28—pelo amor de Deus! leia toda a epístola aos Hebreus, de ponta a ponta, de uma única vez, e, honestamente, responda se o que acabo de dizer acima é muito menos do que a epístola fala?! Aqui devo dizer que o que vejo em volta é exatamente o que está dito em Hebreus 6: 1-8. Aquela é a advertência!

[12] Em Gl 5: 12 Paulo ironiza daqueles que tentavam impor a circuncisão aos cristãos gentios, que, na sua obsessão em lidar com o prepúcio, um dia acabassem se auto-castrando! 

[13] Apc 3: 15-16

[14] Tg 1: 17

[15] É óbvio que o uso das terminologias “culturais” de outras religiões, têm a finalidade de fazer com que pelo contato-terminológico as pessoas ouçam com familiaridade para com o ídolo—que é o conteúdo cultural do termo em uso—e, assim, se convertam sem mudar sua maneira de entender o mundo espiritual. Então há arrependimento do que não se obteve de vantagens antes da conversão, mas a mente não muda, apenas se trans-muda para um outro lado que só é “outro lado” se se enxerga apenas o que está do lado de fora, sendo, porém, a mesma coisa, pois, fundamenta-se nos conteúdos da Teologia Moral de Causa e Efeito. Daí as barganhas!

[16] Alguém que me ouviu dizer a mesma coisa, por me amar, indagou-me se eu não tinha medo de catalisar tanto ódio, revolta e antagonismos contra mim, por eu dizer as coisas que sempre disse e que, hoje, continuo a dizer?! Minha resposta foi e é que eu não suportaria não dizer apenas por que sei que sou pecador. Ser pecador nada tem a ver com pecar contra aquilo que é verdade da Palavra. Para as minhas faltas, eu busco cura. Mas nem por isto fiquei cego. Minha questão é uma só: o que aqui digo é verdade ou não? Se for engano meu, fico feliz. Se eu estiver certo, morro de tristeza! Creia-me, eu não gostaria de estar certo. Afinal, se é assim, pouca coisa, em volta de nós, ainda é !

[17] Não é de ad-mirar que a maioria dos que lideram os “evangélicos” e a maioria dos “constituintes” da “Igreja Evangélica” seja composta por pessoas que apenas trocaram de grupo religioso, mas que continuam, sob outros “emblemas”, a sacrificar como se ainda estivessem sob os domínios dos deuses de outrora. Depois de Jesus, a vida é um sacro-ofício, mas nunca um sacrifício.

[18] Ez 34: 1-23; Zc 11: 4-17; 13: 1-6—onde se mostra que a grande tentação do pastor é sempre “usar” os recursos das ovelhas, sem cuidado com elas.

[19] Zc 13: 4—fala do manto de pelos dos falsos pastores e profetas. Ou seja: toda falsificação precisa se preocupar com o invólucro, com a imagem, com a aparência e com a impressão. Isto é feito, de acordo com Zacarias, com a finalidade de enganar; ou seja: de parecer-se com Elias ou com as escolas de profetas e seus costumes anteriores. Mas é o marketing que está em cena. É o disfarce que se usa a fim de proclamar uma palavra em nome de Deus, parecer-se simbolicamente com o genuíno de um dia, afim de poder iludir e se apropriar dos recursos e das almas das ovelhas hoje.

[20] As Epístolas aos Gálatas ou aos Hebreus poderiam ser, tranqüilamente, renomeadas como a Epístola aos Evangélicos ou aos Católicos! Ou seja: uma epístola escrita para quem “caiu da Graça”.

[21] Para quem não sabe, supostamente, a “hermenêutica” é a ciência da “interpretação”.

Fonte: Site do Caio - http://caiofabio.net